quinta-feira, 30 de abril de 2015

Sir Nicholas Winton. O Cúmulo da Humanidade!

É difícil pensar que num mundo coberto por tão densa sombra de maldades e egoísmo, ainda restem luzeiros tão luminosos que aceitem entregar suas imensas claridades movidas apenas pelo instinto que lhes diz que isso é bom. É o certo a se fazer!
Refiro-me ao Sr Nicholas Winton - o homem que praticou um gesto de humanidade tão grandioso para com seus semelhantes justamente num momento em que o mundo todo a sua volta parecia respirar os ares do ódio e da intolerância. Este britânico que estava em visita nessa época à Checoslováquia , percebeu o rumo que as coisas estavam tomando e o extermínio iminente de seres humanos que estava prestes a começar e, por iniciativa própria, algumas semanas antes do início da II Grande Guerra, passou a escrever para diversos países afim de conseguir asilo à quantas crianças pudesse embarcar em trens - conseguiu apenas na Suécia e na Inglaterra e embarcou - ao todo 669 crianças - a maioria judias, que, retiradas daquele cenário, salvariam-se de serem exterminadas nos campos de concentração nazistas. 
O mais surpreendente vem agora: Talvez tão extraordinário quanto o gesto em si, seja a própria alma de Winton que, nunca enxergou no que fez grande feito - apenas fez e, guardou silêncio sobre o fato por mais de 50 anos. Quando perguntado a respeito do porquê não havia falado a respeito ele respondeu: _"Não havia porque falar!"
É de fato impressionante que ainda existam pessoas assim! Num mundo tão hedonista, em que qualquer ato boboca e sem significado transforma, da noite para o dia, anônimos em celebridades e fazem com que os protagonistas de tais atos encham-se de uma falsa percepção heroica, propalando-se fazedores de coisas jamais feitas, Sir Nicholas Winton - hoje com quase 100 anos de idade - é um exemplo verdadeiro de bondade, humildade, caráter e principalmente da graça de Deus!    

O vídeo abaixo conta um pouco dessa história e mostra o momento de seu encontro com as 669 pessoas que salvou! Convido a todos a assistirem a esse vídeo e se emocionarem profundamente! 



Pão do Dia - A Luta Pela Verdade

O que vem à sua mente quando se apresentam os opostos "verdade" e "mentira"? Normalmente o que surge é uma alusão ao ato, ou, a um ato pontual, de falar a verdade ou mentir. Entretanto essas duas palavras - verdade e mentira - expressam muito mais que atos isolados que podem ser avaliados moralmente, expressam um modo existencial - era justamente sobre isso que Jesus falava aos judeus nessa passagem do Evangelho de João 8: 

João 8: 
23 E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou.
24 Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados. 
25 Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio vos tenho dito? 
26 Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo.
27 Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.
28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.
29 E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
30 Ditas estas coisas, muitos creram nele.
31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
33 Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres?
34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado.
35 O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre.
36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
37 Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não está em vós.
38 Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai.
39 Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão.
40 Mas agora procurais matar-me, a mim que vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus; assim não procedeu Abraão.
41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe eles: Nós não somos bastardos; temos um pai, que é Deus.
42 Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
43 Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.
44 Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.
45 Mas, porque eu digo a verdade, não me credes.


Cada um dos versículos demonstra a tensão intrínseca entre duas realidades opostas: A primeira de Jesus que trazia a verdade mais pura a respeito de Sua própria realidade espiritual e a realidades deles - os judeus que o ouviam. A segunda - a dos judeus que, imersos num ambiente mental de mentiras, chavões mentais e auto-convencimento, resistiam naturalmente à apresentação dessas realidades. 
O que ocorreu é que Jesus precisou descascar, por meio da exposição da verdade, camada por camada dessa estrutura mental e social de mentiras na qual eles estavam imersos - isso se demonstra na evolução do diálogo descrito: 
_ Jesus começa dizendo - "Sou de cima, vocês aqui debaixo" - Eles não entendem;
_ Jesus fala-lhes da necessidade de permanecerem na verdade para serem libertos - Eles resistem alegando que não eram e jamais haviam sido escravos;
_ Jesus demonstra que todo o que comete pecado é escravo do pecado, demonstrando a inescapabilidade dessa realidade - Eles se esquivam dizendo que eram descendência de Abraão;
_ Jesus desmonta o slogan dizendo que isso em si é vazio caso não venha acompanhado do mesmo espírito que teve Abraão - Eles então apelam para o argumento que considerariam inexpugnável - dizem a Jesus: "Temos um Pai que é Deus" - pensaram "todos são filhos de Deus, isso deve encerrar a questão";
_ Jesus finalmente descasca a última camada de mentiras expondo a realidade mais impactante no versículo 44 - Ele diz: "vós sois do diabo que é o vosso pai.... ele jamais se firmou na verdade... quando fala mentira fala do que lhe é próprio...."

Uma coisa importante em tudo isso: Jesus não falava as coisas para chocar as pessoas ou para tornar-se polêmico - Ele falava simplesmente porque era verdade e a verdade é a única coisa pela qual vale apena lutar! 
Essa passagem nos remete a uma realidade ainda mais alarmante: Jesus encontra uma resistência tão forte num lugar e numa cultura relativamente pequenas. Porém imagine esse teatro das ilusões em que algumas centenas de pessoas atuavam transportado para a escala global e expandido não só a todas as pessoas, mas à todas as áreas e atividades das pessoas.... Conseguiu imaginar? Pois é justamente a realidade em que vivemos nos dias de hoje - a realidade da dissimulação e do fingimento generalizados em que tudo é propaganda, slogan, chavão - quiça até crenças e paradigmas que costumamos carregar como realidades - valeria apena submete-los à luz!
Num contexto assim a verdade não surge como algo natural - ao contrário - ela soa estranha, esquisita, até com ares de loucura. Justamente por isso, decidir-se a viver na verdade implicará necessariamente num árduo trabalho diário desde dentro que cada um deve estar disposto a ter!




quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pão do Dia - O Mal que Habita em Mim

É muito comum nos apropriarmos do bem como se fôramos sua fonte originária, ao mesmo tempo em que terceirizamos com toda naturalidade do mundo toda forma de mal que vivenciamos e praticamos - é próprio da natureza humana pensar e sentir as coisas sob esse mecanismo. Entretanto, o Apóstolo Paulo, contrariando a essa tendência natural e imbuído de profunda consciência dessa mesma natureza, afirma sem qualquer pudor: "O mal reside em mim!" Romanos 7: 21 - Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim

De fato, por mais paradoxal e estranho que possa parecer, quanto mais profunda é em nós essa consciência, tanto mais preservados estaremos de praticarmos o mal! Negligenciá-la, ao contrário é colocar-se vulnerável diante do mal e ele não perdoa tal presunção. Portanto admitir a possibilidade é abrir-se ao bem, enquanto que negá-la - seja por orgulho, medo ou excesso de religiosidade pudica - não importa - já é, por si só, cair em suas teias. 
Ao admitirmos a realidade de que os crimes mais hediondos da humanidade, antes de serem condensados sob símbolos de organizações, movimentos e partidos, foram originariamente formados em corações humanos. Sobretudo, ao admitirmos que, no que se refere à natureza humana, em nada - ou quase nada diferimos dessas pessoas e que, talvez, sob certas circunstâncias, qualquer um de nós somos passíveis de praticar o mal. Quando essa admissão acontece apelamos ao único e verdadeiro recurso que nos poderá livrar do mal: A graça redentora que nos põe em Deus e faz com que Ele habite em nós. Fora disso.... There's no hope!


terça-feira, 28 de abril de 2015

Pão do Dia - O Ambiente do Amor e o Ambiente do Medo

Existem duas forças opostas, ambas arrebatadoras na vida do homem - o amor e o medo. Entregar-se à primeira cria em nós um ambiente propício a que sejamos aperfeiçoados como gente. À segunda, a que criemos nossos piores fantasmas.
Mais que ambientes externos que nos ladeiem, essas duas realidade se impõe - uma ou outra - no interior do homem, tornando seu mundo um céu ou um verdadeiro inferno - um centro de desenvolvimento e aprimoramento constante ou uma demolição gradativa até das coisas mais essenciais do ser. Não há meias medidas. O que existe é a possibilidade de lutar contra a própria natureza, se for o caso, para instaurarmos em nós mesmos o ambiente do amor - o ambiente de Deus! Deus é Amor!
Fora desse, existe o medo - o medo que a Palavra afirma: Mais que um sentimento ou sensação, é um espírito. Especificamente em 1João 4:18 se diz que "o medo produz tormento"... Atente ao termos utilizado: "Produz". É muito mais do que dizer que quem tem medo terá tormento como consequência - Significa dizer que o medo, uma vez instaurado e no comando, produz/ cria/ forma - ele mesmo - tormentos específicos às suas vítimas. Perceba: O medo não leva a pessoa à algum tormento, mas cria tormentos! Além do que impede que sejamos aperfeiçoados no amor - o que significa dizer que, além de ocultar de nós a verdade do amor da maneira mais sórdida e mentirosa, nos demole ao invés de edificar - quem está tomado pelo medo se vai descaracterizando a tal ponto de tornar-se irreconhecível até a si próprio;
Ao contrário - o amor, uma vez instaurado, se expande - vai lançando gradativamente o medo, pois vai, afirmando e refirmando que somos amparados, amados, cuidados e que nada acontece por descuido senão por um propósito maior - e não existe nada que proporcione mais crescimento para a vida do homem do que se ver num ambiente assim.
Livrar-se do medo é preciso e, se isso não for possível de um único corte, faça-o gradativa e interruptamente. Se não for possível por meio de uma ação direta, vá pelo meio indireto e infalível: Encha-se mais e mais do amor - da consciência, do convencimento e da prática do amor dia a dia e, o amor, ele próprio, expurgará todo o medo criador de tormentos! 


segunda-feira, 27 de abril de 2015

Pão do Dia - Todas as Coisas Cooperam...


Vivemos numa sociedade e num tempo extremamente hedonistas em que tudo gira em torno da auto-satisfação. Num clima assim, é natural que até mesmo o próprio entendimento da Palavra de Deus fique comprometido. Passa-se a interpretar automaticamente promessas como direitos individuais inalienáveis, ao mesmo tempo em que as condenações, alertas e exortações sempre são redirecionados a alguém e nunca absorvidos. Nos colocamos, mesmo sem percebermos como os protagonistas, os mocinhos da história, nunca como o bandido - e nos esquecemos que Jesus não veio ao mundo para salvar os "mocinhos", mas justamente os "bandidos", além disso, vemos a nós mesmos como o epicentro para o qual devem convergir necessariamente todas as promessas e bençãos - esquecemos-nos do coletivo, do corpo e, anula-se desse modo a própria essência do Evangelho que é admissão e doação. 
Exemplo claro desse fenômeno é a tão conhecida passagem de Romanos 8:28 que afirma: "Todas as coisas cooperam conjuntamente para o bem daqueles que amam a Deus. Daqueles que são chamados segundo o seu propósito". 
Como normalmente se lê essa  palavra? Mentalmente e também na forma que é proclamada fica da seguinte maneira: "Todas as coisas cooperam para o meu bem que amo a Deus...É evidente que é assim!". Mas eu pergunto: E o coletivo do versículo, para onde foi? Ler a frase dessa maneira é o mesmo que dizer que todas as coisas, pessoas, fenômenos, palavras já escritas, fatos e acontecimentos cooperam para ME abençoar - a MIM que amo a Deus - a MIM, na vida de quem Deus tem propósitos!
Percebe como a essência do Evangelho que são a doação e o compartilhamento, estão ausentes, ao passo que se apresentam tacitamente a presunção de que somos a coisa mais importante no planeta? Essa distorção é justamente o fruto desse hedonismo no qual vivemos e estamos ladeados, e, quiçá impregnados dele! 
Vamos fazer a leitura desse texto em seu aspecto coletivo como foi originalmente transmitido? Originalmente ele ficaria assim: "Todas as coisas que acontecem, inclusive a mim, cooperam para o bem de todos os que amam a Deus - todos - inclusive eu". Isso quer dizer que até as coisas que acontecem a mim e que são por mim percebidas sensorialmente como negativas - as dores, sofrimentos, traumas - no fim das contas, cooperarão para o bem DAQUELES (plural) que amam a Deus! Isso inverte formidavelmente as coisas! Ao invés de nos colocar na posição fantasiosa de centros do universo individualmente, nos coloca
na posição real - a de parte integrante do corpo, como doadores de experiências e legados. O resultado dessa realidade é, da mesma forma, formidável: Se antes, naquela visão hedonista das coisas, éramos o centro das ocorrências, nossa função existencial única era a de recebermos placidamente o resultado final dos acontecimentos - nunca doar, nunca trocar. Já agora não! Diante da realidade da Palavra somos também doadores - nossas experiências, aprendizados e habilitações fluem para todo o corpo e o abençoa. A contrapartida disso é que se, antes estávamos isolados em nosso "olimpo", agora somos também uma estação pela qual todas as experiências, aprendizados e habilitações de cada membro do corpo e do corpo coletivamente também passarão por nós! É maravilhoso! É Evangelho! 















sexta-feira, 17 de abril de 2015

Pão do Dia - O Reino de Deus está Dentro de Vós

Nesse texto contido no Evangelho de Lucas, Jesus é interpelado pelos fariseus que lhe perguntavam sobre quando viria o Reino de Deus.
Há mais nuances que envolvem essa pergunta, desde o tom em que parece ter sido feita do que poderei explanar no espaço desse pequeno artigo, mas, pensemos principalmente na questão dos fariseus pensarem o Reino de Deus como algo que se pudesse encontrar na linha do tempo como qualquer outro fato histórico e datável do qual se pudesse narrar. 
A resposta de Jesus, não só é precisa - como, aliás, são todas as coisas espirituais - como é também, sob o ponto de vista retórico, genial - Ele responde primeiramente: "O Reino de Deus não vem com visível aparência, nem dirão: "Ei-lo aqui aqui!" ou "Lá está"". Ual! Que resposta! Jesus está dizendo que o Reino não apenas não está colocado na perspectiva de tempo como eles imaginavam, mas que, além disso, não está colocado na perspectiva de espaço - que seria o desdobramento natural da pergunta que eles fizeram -, ou seja, "Ok. Se ele não acontecerá hoje, nem amanhã, ou daqui há mil anos", logo a pergunta passa a ser naturalmente: "Onde então será?"  
Em outras palavras - e aqui um aprendizado incrível a todos nós - Jesus está dizendo que o Reino de Deus não é um advento que devemos esperar na linha do tempo, nem um estágio nirvânico de iluminação a ser alcançado, mas de modo radicalmente simples.... "O Reino de Deus está dentro de vós". Ou seja, já está! 
Aqui, naturalmente podem surgir três novas questões: 
_ Está desde quando?
_ Como ele está? Em que estado? Em que proporção?
_ O que ele é? Como o encontro dentro de mim? 

As respostas são também simples e exatas:

1) Jesus está falando na perspectiva daqueles que creram nele. A partir do momento em que temos em nós a consciência de Cristo, temos logo, como desdobramento imediato e inevitável, a consciência de várias outras coisas - sobretudo de nós mesmos. Sendo assim, a partir do momento que cremos de fato em Cristo, o Reino de Deus passa a estar dentro de nós;

2) Em que estado ou proporção ele está dentro de nós? Obviamente o Reino de Deus não pode estar em partes onde quer que se manifeste - uma vez que reino é governo, não se pode conceber a ideia de termos 1/2 reino de Deus ou 1/3 do governo de Deus onde quer que seja.... Isso é impossível! Portanto, quando Jesus diz que o Reino está dentro de nós, ele o está integralmente, em sua forma total. Mas aqui surge a ambiguidade - não do Reino, mas do homem - O Reino de Deus habita em sua forma integral num mesmo ambiente em que habitam também todas as mazelas da nossa natureza humana decaída - dilema muito bem exposto e resolvido pelo Apóstolo Paulo em Romanos 7. Por conseguinte o Reino de Deus habitando em nós não apenas poderá em tese trazer algum conflito e angústia, como inexoravelmente os trará! São as naturezas mais antagônicas que se possa conceber habitando no mesmo ambiente! Isso é graça de Deus! 

3) O que é o Reino de Deus? Um definição literal é descrita por Paulo em Romanos 14: "O Reino de Deus é paz, alegria e justiça no Espírito Santo! 

Onde está o segredo em tudo isso? 
Se ele não é algo a se esperar, nem a ser alcançado, pelo contrário, já está em mim em sua forma integral e completa e, num mesmo ambiente convive com toda a decadência da minha natureza....?
A resposta é: Decisão! A decisão férrea, porem, voluntária de, dia após dia, momento após momento, situação após situação, inclinar-se ao Reino de Deus e não à natureza - note que qualquer das duas inclinações se dá ao homem com muita facilidade, pois ambas habitam nele. Entretanto o poder da decisão que se reforça pela prática, cria, com o passar do tempo uma história escrita, na qual se pode enxergar a predominância do Reino de Deus na vida de uma pessoa - e é a isso que chamamos "um homem espiritual!"  

    

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quien habla solo...

Ontem postei um texto lindíssimo de Antônio Machado cuja frase pivotal e bastante conhecida é Quien habla solo espera hablar a Dios un día

O significado dessa frase se explica pelo contexto que a antecede: Converso con el hombre que siempre va conmigo - Converso com o homem que sempre vai comigo - referindo-se logicamente ao próprio interlocutor, e completa: Quien habla solo espera hablar a Dios un día. 
O sentido aqui referido é o de que aquele que dialoga habitualmente consigo mesmo, adquire consciência subjetiva suficiente para falar aos outros, e por fim com Deus. 
Vivemos num mundo repleto de opiniões e ecos - ouvem-se os ecos e, na maioria das vezes não se sabe de onde vieram as vozes que os originaram, mesmo assim, desde que sejam esteticamente agradáveis e consoantes às expectativas coletivas eles continuam soando e soando, tenham eles raízes ou não. O resultado previsível e inevitável é aquilo que observamos na sociedade moderna: Qualquer garoto ou garota levanta-se para opinar e defender posições e tomar fervorosamente o partido em questões para as quais suas tenras existências sequer lhes permitiu ainda a oportunidade de vivenciarem aquilo que seria minimamente necessário para que tais posições pudessem ser confirmadas um mínimo de verdade radical. 
Em contrapartida a essa realidade, o texto de Machado no leva a refletir sobre a fundamental importância em ouvirmos a nossa própria voz no meio de tantas outras - pré-requisito básico para que não incorramos no ardil mental de não discernimos de onde primeiramente surgiu o pensamento que nos ocorre e o som que sai de nossa boca - Escrevendo sobre isso me ocorre a pergunta que Jesus fez a Pilatos em seu próprio tribunal quando esse, seguindo a massa perguntou o que a todos agradaria: "Tu és rei?". Jesus, sem divagações lhe devolve a seguinte pergunta: "Vem de ti mesmo essa pergunta ou outros te disseram isso?" 
Cada um de nós deveríamos nos questionar no mesmo sentido: "Será que vem de mim mesmo essas coisas que estou dizendo ou pensando? Será que não é apenas o eco que reverbera em mim e continua se propagando? Eu tenho elementos críticos suficientes para falar do que estou me propondo?"
Precisamos retornar a humildade - elemento sine qua nom de uma sociedade saudável - e, sem o medo de parecermos desinformados a quem quer que seja, e, tranquilamente concluirmos  diante de determinados assuntos: "Eu nao sei o suficiente sobre isso" ou "Não tenho ainda opiniões formadas sobre isso, o que tenho ainda são apenas impressões". Aonde está o demérito pessoal nisso? Por que precisamos parecer e parecer que de tudo sabemos em detrimento de cuidarmos de termos as raízes verdadeiras- sem a qual tudo é falsificação -  em nós mesmos? Por que precisamos fazer o papel de gênios iluminados em que todos sabem tudo sobre tudo! É evidente que isso é uma tremenda distorção de realidade!    

A poesia de Antonio Machado incita tacitamente a que é preciso que cada um aprenda a falar consigo mesmo, a ouvir a voz do próprio coração e submete-la a todos os processos de validação para, daí então, quem sabe - não necessariamente - arriscar-se em teses e opiniões. É preciso desarmar-se da pressa afoita de mudar o mundo através de nossas contribuições - essas, se Deus permitir, virão a seu tempo, antes porem, temos que vivenciar a experiência única e, realmente transformadora de nos deparamos com nossas próprias verdades. 

Mas isso obviamente requer tempo    

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Quien habla solo espera hablar a Dios un día



Quien habla solo espera hablar a Dios un día

ANTONIO MACHADO
(Sevilla, España, 1875-Collioure, Francia, 1939)

Mi infancia son recuerdos de un patio 
de Sevilla,
y un huerto claro donde madura el limonero;
mi juventud, veinte años en tierras de Castilla;
mi historia, algunos casos de recordar no quiero.


Ni un seductor Mañara, ni un Bradomín he sido

-ya conocéis mi torpe aliño indumentario-,
mas recibí la flecha que me asignó Cupido,
y amé cuanto ellas puedan tener de hospitalario.


Hay en mis venas gotas de sangre jacobina,

pero mi verso brota de manantial sereno;
y más que un hombre al uso que sabe su doctrina
soy, en el buen sentido de la palabra, bueno.


Desdeño las romanzas de los tenores huecos

y el coro de los grillos que cantan a la luna.
A distinguir me paro las voces de los ecos,
y escucho solamente, entre las voces, una.


Converso con el hombre que siempre va conmigo

-quien habla solo espera hablar a Dios un día-
mi soliloquio es plática con este buen amigo
que me enseñó el secreto de la filantropía.


Y al cabo, nada os debo; me debéis cuanto escribo,

a mi trabajo acudo, con mi dinero pago
el traje que me cubre y la mansión que habito,
el pan que me alimenta y el lecho en donde yago.


Y cuando llegue el día del último viaje,

y esté al partir la nave que nunca ha de tornar
me encontraréis a bordo ligero de equipaje,
casi desnudo, como los hijos de la mar.

Por Que? ou Pra Que?


Embora pareçam similares em sentido e mesmo em sonoridade, as interjeições Por que e Pra que trazem uma vibração e um sentimento completamente opostos uma a outra. 
Há uma diferença abissal entre perguntar a Deus por que e procurar em Deus o pra que. Já aqui nota-se a diferença: Quem pergunta a Deus por que está desde logo eximindo-se totalmente da participação nos resultados que lhe sucederam e terceirizando isso a Deus, mas da pior forma possível. Quem formula as coisas dessa maneira é como se dissesse a Deus: _Você deveria ter cuidado melhor de mim e não cuidou. Deveria ter impedido que isso acontecesse, mas não impediu. Poderia (se me amasse de fato) ter feito com que as coisas fossem diferentes e eu fosse poupado dessa situação, mas não o fez.... Em suma. quando perguntamos a Deus dessa maneira estamos julgando a Deus, Seus motivos, Seus cuidados, Seu amor;
Jesus não nos enganou - alertou-nos claramente que no mundo passaríamos por aflições que nada tem a ver com o nível de santidade, fidelidade ou dedicação ao Senhor - não são prêmios ou castigos - são apenas parte do processo humano na caminhada! 
Vejamos na Palavra de Deus casos nítidos em que esse tipo de pergunta poderia aparecer de pronto: 

Jesus envia Seus discípulos de barco para atravessarem o Mar da Galiléia. No meio da travessia e da madrugada levanta-se uma grande tempestade, depois de tanto remarem e lutarem pra que o barco não virasse, Jesus aparece caminhando sobre as águas e acalma a tempestade, ou seja, Jesus não livrou aos discípulos de passarem por aquela tempestade, de passarem medos, incertezas, inseguranças, mas, no fim, os livrou no meio da tempestade; 
_Por que? Por que o Senhor que livraria ao final não impediu o processo de sofrimento?

_ Daniel: Por sua fidelidade e resolução interior férreas, Daniel, ao invés de premiado é mandado para a cova dos leões. Deus não livrou a Daniel de ir pra cova - ele teve que descer cada degrau, sentir o cheiro dos leões, ouvir ou rugido dos leões e finalmente estar entre eles. Deus não livrou a Daniel de nada disso, mas no fim, livrou a Daniel já la na cova de ser devorado pelos leões;
_ Eia a pergunta: Por que Senhor? Se o Senhor livraria de qualquer modo, por que deixar o coitado passar por esse estresse? 

_ Da mesma forma, Deus também não livrou a Jó de passar pelo que passou, porem, em seu pior estagio de sofrimento e vergonha, Deus o livrou completamente e mudou-lhe a sorte; 
_ Ótimo! Mas precisava? Por que???

_ Finalmente, o próprio Jesus que no Getsêmani clamou: "Se possível, afasta de mim este cálice sem que eu beba". Que no livro de Hebreus é descrito como "tendo erguido um grande clamor com lágrimas a quem o poderia livrar, aprendeu a obediência por meio do que sofreu"... Enfim, Deus não livrou a Jesus da cruz... 
_ Por que senhor?

Essa pergunta está formulada errada desde a sua base - ela é irrespondível porque parte de premissas equivocadas. É claro que existem porquês, mas esses nos escapam por completo, fazem parte de um mecanismo que é a própria essência de Deus a quem, nem mesmo no surto mais megalômano nós poderíamos sonhar em entendermos 

A única pergunta possível é Pra Que Senhor? 
Não é uma questão meramente semântica. Essa pergunta, diferente da outra, nos envolve no processo, parte do pressuposto de que aquilo que Deus fez ou permitiu é bom (senão Ele não permitiria), que aquilo que fez é bom (caso contrário não o faria) e nos envolve no processo, nos traz automaticamente a consciência de responsabilidade: 
_ Se aquilo que Deus fez é bom, se era o melhor caminho e se era necessário (premissas). Então o que é que Deus quis mostrar-me no meio dessa tempestade, nessa cova e nessa cruz? O que Ele quis aperfeiçoar em mim? O que eu devo aprender nessa situação? 

Viu como a coisa muda? 
As aflições - já prometidas por Jesus (João 16: 33) - deixam de ser o sofrimento inevitável e indesejável e passam a ser um campo de treinamento no qual Deus cumpre propósitos de aperfeiçoamento dentro em ao redor de nós! 



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Pão do Dia - A Palavra Não Acontece Em Nós Por Osmose

Um dia desses eu meditava a respeito da verdade contida na Palavra que está em 2 Coríntios 5: 17, de que "se alguém está em Cristo nova criatura é, as coisas antigas se passaram e eis que tudo se fez novo". Pensei: _ Que palavra poderosa! Mas.... Por que é que ela simplesmente não acontece completa, uniforme e, aliás, imediatamente na vida e na personalidade de todas as pessoas? Por que é que mesmo diante de uma palavra tão absoluta e definitiva, continuamos carregando problemas tão velhos e relativos? Por que, mesmo crendo piamente que tal palavra seja, de fato, verdade, ela simplesmente não pode transformar-se na minha realidade pessoal? Em suma, se o texto diz que eu sou nova criatura e o que é velho se passou, por que é que eu então não me sinto assim? Não percebo as coisas como novas e nem a mim mesmo? Por que as coisas parecem mais velhas do que nunca? Por que? Por que? Por que? 
Existem alguns pontos importantes a se considerar: O primeiro deles é que todas as nossas experiências deixam em nós marcas e impressões. Essas marcas e impressões são retroativamente elaboradas em parte em nossa mente racional e em parte apenas absorvida e registrada em nosso emocional, sem elaboração adequada, entretanto registrada e armazenada. Quando revivemos situações semelhantes ou meramente parecidas, a parte de nós que elaborou as coisas que já aconteceram, enxergam essas novas com racionalidade e preparam-se para estrategicamente lidar com elas com base nas experiências já vividas. Já aquela parte - que pode ser maior ou menor dependo do caso e da pessoa - que não foi elabora, mas apenas impressionou o nosso emocional, ao deparar-se com o novo caso (que tem a aparência do velho), revive as mesmas sensações - palpitação, taquicardia, as vezes até os cheiros, como se a cena passada estivesse, não apenas sendo recordada, mas de fato acontecendo ali, atemporalmente, naquele exato momento! 
Tudo isso - tanto a elaboração racional quanto a impressão emocional - se trata de um mecanismo natural que acontece com todos nós variando apenas na distribuição interna e/ou intensidade desses dois fatores. Entretanto, não podemos desprezar, como também Paulo diz, os desígnios de Satanás e, nem o fato de que estamos ladeados do mundo espiritual e que ele interfere em todo o tempo valendo-se de tudo. O objetivo deliberado do inimigo é o de lançar mão dos mecanismo naturais existentes, sobretudo aqueles que nos torna frágeis e vulneráveis e aplicá-los com mais intensidade ainda contra nós a fim de que fiquemos paralisados, de fato, naquilo que nos aconteceu.
Ora, não precisamos ir muito longe para enxergarmos que aqui já se estabeleceu um ciclo vicioso! Mas tem a palavra de 2 Coríntios 5: 17.... O que fazer com ela? Onde ela entra nisso tudo? Ela é a chave, mas como aplicá-la? 
Aqui parece que retornamos ao ponto de partida! É importante que se entenda uma coisa de uma vez por todas: A palavra, por poderosa que seja, por verdade absoluta que seja, não acontecerá dentro de nós por osmose, como se fora um download automático que atualiza o nosso sistema? Não! Nós é que temos que baixar o programa! Quero dizer com isso que precisamos tomar a Palavra que existe como verdade universal, atemporal e objetiva e transforma-la em realidade subjetiva e pontual!

Mas como se faz isso? 
Primeiramente inculcando para si mesmo a palavra conforme se cita em Deuteronômio 6 - convencendo-se com perseverança e contra as tendências já programadas contrariamente dentro de sua mente, que a palavra é que é verdade e não todo o resto. Isso dá trabalho e leva tempo;
Em segundo lugar, batalhando espiritualmente. Por que? Porque é previsível e, eu diria, inevitável que esse processo sofra tentativas de interferência no sentido de abortar a mensagem antes que o download seja totalmente carregado no coração. A guerra, nesses casos, não é uma opção ou uma questão de perfil, ela é necessária! E essa guerra não acontece exterior, senão interiormente!
E por último, porém, o mais importante, praticando a palavra, pois só assim, a verdade que está escrita em algum lugar e que empolga muitos corações quando é pronunciada, pra você, será uma verdade subjetiva e irrefutável diante dos fantasmas que te quiserem assombrar - você de fato torna-se, processualmente, nova criatura pela prática da Palavra e as coisas velhas vão ficando, de fato no passado e tudo vai, de fato se fazendo novo!  

sábado, 11 de abril de 2015

Caiu na rede é peixe


Quem já não se deparou com o seguinte fato: Você pesquisa um determinado produto - por exemplo, um tênis de corrida de determinada marca. Daí por diante, em cada página que você abre aparece magicamente um bannerzinho alertando para uma promoção justamente no objeto pesquisado anteriormente. O que é isso? Mediunidade? Antes fosse, mas o buraco é muito mais embaixo!

Lendo um artigo escrito em abril do ano passado por Marcos Hiller, Mestre em comunicação e consumo pela ESPM, deparei-me novamente com questionamentos que sempre carrego em minha mente a respeito das implicações do nosso uso constante das redes sociais, aliás ainda ontem conversava com minha esposa a respeito disso - falávamos justamente sobre a enormidade de dados que vem sendo armazenada ao longo de anos das nossas entradas e saídas na www, desde a nossa mais inofensiva navegação em busca de alguma informação simples até as informações que deliberadamente vamos postando aqui e ali sem que nos demos a mais mínima conta de que isso está de fato acontecendo, mas está! Você já parou pra pensar que desde os dados simples e involuntários como, por exemplo, o horário habitual e a freqüência com que você entra na rede, até aqueles que fazemos por iniciativa, como por exemplo, nossos objetos de pesquisas, preferências, curtidas, comentários, fotos, dados pessoais, escolha de amigos, sites, compras.... enfim (a lista seria interminável) tudo absolutamente é não apenas monitorado, mas armazenado? Ou você imagina que essas informações simplesmente evaporem ou desintegrem-se após o uso por causa de algum tipo de consenso ético existente entre os 3 ou 4 gigantes concorrentes e donos do mundo digital? É claro que não. E também não precisamos ir muito longe na dedução lógica pra entendermos que essa base de dados é capaz de traçar com precisão quase cirúrgica até mesmo quais serão nossos próximos passos a partir do nosso histórico já muito bem registrado - qualquer psicólogo que conhecesse minimamente os princípios e fundamentos da psiquê humana facilmente traçaria não apenas o seu perfil, como anteciparia reações à todas as suas próximas ações e faria isso com acertos de 99,99%, sendo que o 0,1% fica a encargo do acaso que é imprevisível aos dois lados, portanto, nem ele, necessariamente nos beneficiaria nessa questão. Portanto, não se trata das velhas discussões sobre o tempo que passamos na internet ou sobre os limites que devemos manter quanto a nossa discrição e privacidade no cuidado do nosso próprio corpo, patrimônios, e família, cuidado que evita de fazermos da nossa vida privada, pública essa discussão é, de fato importante, entretanto, dada a visceralidade da primeira, essa, que diz respeito a como usar a rede cai para o segundo degrau - no pódio reina soberana a questão insofismável do que fazer ante a realidade de que os dados que já fornecemos até agora são mais do que suficientes para munir extraordinariamente um banco de informações que nenhuma inteligência estatal já havida na terra, nem mesmo a soma delas todas - KGB, a CIA, a GESTAPO, etc, etc - jamais teve ou sonharia em ter nas mãos... Pois todas essas informações a meu e seu respeito, não somente existem, mas estão disponíveis e acessíveis na rede para alguém! Pense nisso: Com um cômpito de informações que não representariam - na melhor das hipóteses - 1% do que se tem hoje na web, já se mapearam guerras inteiras, criaram-se e desfizeram-se governos de alcance quase continentais... 
É muita coisa pra se pensar? Sem dúvida que é, mas tenha a certeza de que "alguens" está pensando nisso dia e noite por mim e por você a fim de nos poupar de tão árdua tarefa... E não é de hoje! O fato é que, como se costuma dizer, e aqui mais literalmente, caiu na rede é peixe!
O que fazer? 
Não sou catedrático no assunto, mas digo, por instinto e, baseado em minha própria percepção que, se possível fora, o ideal seria que pudéssemos anular todas as nossas contas e cadastros e permanecermos fora desse universo digital, mas como imagino que isso seja impensável para a maioria na atual conjuntora, como o é também pra mim, penso que o melhor a fazer - o que eu mesmo tenho feito - expor-se o mínimo possível no que se refere a cadastros aqui e ali, opiniões que sejam mera gordura e fotos, mero exibicionismo e finalmente concentrar-se em conteúdos que sejam de fato relevantes, sobretudo, do ponto de vista de ajuda aos outros e, pelos quais valia a pena expor-se!    


Toda rede social digital tem por trás um elemento chamado algoritmo. Nada mais é do que um código numérico (e geralmente super secreto) que rege todo o funcionamento do sistema. É como se fosse o cabeamento que está por trás de todos esses complexos espaços digitais que ficamos conectados por parte de nosso dia. O Netflix tem um algoritmo, o Google também tem, além do Facebook, do Twitter, do Xbox, simplesmente todos esses espaços digitais são regidos por um algoritmo.
E o nível de sofisticação do algoritmo do Facebook é tão impressionante que muda cerca de duas vezes ao dia. Isso significa que todo santo dia muda alguma coisa no nosso Facebook, nem que seja algo praticamente imperceptível aos nossos olhos. Mas todo dia muda algo: seja uma matiz do pantone do azul, seja um ajuste na segmentação de campanhas, ou uma mudança na forma como vemos nossas fotos, ou até mesmo a inserção de um bip quando alguém nos chama no chat.
O algoritmo do Facebook, que é muito bem construído, mas ainda não é tão sofisticado como o do Google, modula e modela a forma como nossa timeline nos é apresentada. Ou seja, toda vez que pegamos nosso celular e apertamos o ícone do Facebook (fazemos essa ato dezenas de vezes ao dia, certo?), o algoritmo seleciona cerca de 1500 publicações que ele entende que serão interessantes para nós naquele momento e, logicamente, tudo isso baseado no nosso comportamento passado.
Isso significa que vemos no nosso Facebook não necessariamente o que queremos ver, mas sim o que o Facebook entende que será interessante para nós naquele momento. Toda e qualquer interação nossa com o Facebook se transforma em um log de programação e isso é armazenado e entendido pelo algoritmo. Se curtimos algo, o Facebook guarda esse dado, se damos check-in em determinado local, ele armazena isso, o que escrevemos, o que conversamos o chat, se paramos um post com o dedo na tela de nosso smartphone, sim o Facebook está olhando, monitorando e arquivando tudo isso.
A sacada de Mark Zuckerberg é sensacional. Teoricamente o Facebook é gratuito, não é? Mas na verdade, nós estamos trabalhando “de graça” para eles. Como assim? Oras, nós depositamos no Facebook uma série de informações importantes a nosso respeito, como nos relacionamos, hábitos de consumo, como nos comportamos, etc. Há aquelas pessoas que narram o seu dia-a-dia na timeline do Facebook, dá check-in em todos os lugares que vai, escreve tudo o que pensa, fala sobre marcas, produtos, dá opiniões sobre tudo, etc.
O algoritmo do Facebook simplesmente categoriza tudo isso e “vende” esses dados (muito valiosos) para os anunciantes em formato de “Facebook Ads”. Ou seja, eu posso investir no Facebook e fazer uma ação de comunicação junto a usuários com um nível de segmentação cirurgicamente controlável. Por exemplo, faço um post e quero que essa publicação apareça apenas para: meninas, com idade entre 15 e 18 anos, da cidade de Araçatuba e que acessam o Facebook por meio de um smartphone da Motorola. Bingo! Consigo segmentar a esse nível. Para quem trabalha com ações de marketing, isso é um sonho de consumo. Absolutamente mensurável e com um nível de segmentação, alcance e impacto incríveis.
Há quem critique a forma feroz com o que algoritmo do Facebook está ceifando o alcance dos posts Está um chororô danado aliás. As marcas construíram fanpages belíssimas, conquistaram centenas e milhares de fãs e agora tudo que se publica é visualizado apenas por uma pequena parcela desses usuários. Imagine que se tudo fosse postado pelas milhões de fanpages fosse visualizado por nós. Nossa timeline iria se transformar num caos completo. Nessas horas, eu até agradeço essa interferência pertinente do algoritmo que “pune” quem não sabe usar o Facebook. Ou seja, publicações que não são relevantes (que não são compartilhadas ou curtidas) são castigadas com uma redução drástica do alcance.
Eu fundei em 2011 um grupo de debate sobre Branding, chama-se Brand Thinkers. No último encontro de 2012, recebemos o Rapha Vasconcellos, o Vice Presidente Criativo do Facebook para a América Latina. Com uma simpatia sui generis, Rapha nos brindou uma conversa super agradável por cerca de duas horas. Em dado momento, o executivo disse que a versão do aplicativo do Facebook que ele usara em seu iPhone seria uma versão que nós (meros mortais) teremos acesso no nosso smartphone daqui a dois anos. Ou seja, eles já estão com olho lá na frente. Facebook sobretudo é uma empresa mobile e que pensa inovação 24 horas dia. As melhores cabeças pensantes do mundo hoje estão no Facebook? Eu creio que sim.
Em 2011, o filósofo franco-canadense Pierre Lévy, autor do clássico livro “Cibercultura” esteve no Brasil e em uma de suas brilhantes falas, ele soltou uma frase que me faz refletir muito sobre essa lógica do algoritmo. Ele disse assim: “Ou você domina o algoritmo do Facebook, ou ele te domina”. Esse ponto crucial é que está em questão hoje em dia. O quanto que essa sofisticação do algoritmo cria uma estratégia de dominação social?
De modo que a forma com que nos apropriamos desses espaços digitais está impactando nossos relacionamentos? Quais seriam os efeitos danosos do uso irrefreado de sites de redes sociais? Até que ponto poderia se afirmar que as interações em aplicativos como Facebook, Instagram e WhatsApp intensificariam um espécie de autismo e desconexão social nas pessoas? Essas são questões candentes, inquietações que levaram estudiosos como Sherry Turkle (psicóloga do MIT) a considerar que estamos “alone together” nas redes sociais digitais.
Para revitalizar nossos vínculos afetivos interpessoais, a autora propõe um regime de desintoxicação por meio de abstinência digital. Embora considere um tanto radical a perspectiva adotada por Turkle, entendo que os efeitos de longo prazo de nossas interações mediadas pelo Facebook necessitem ainda de muito estudo. É uma importante questão e que nos exige reflexões profundas e um debate urgente. Aliás estou pensando seriamente em cometer um “Facebookcídio” e sair da rede. Só que (ainda) não!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pão do Dia - Edificar a Casa sobre a Rocha



Temos abordado nos últimos dias dentro do nosso esquete do "Pão do Dia" a temática a respeito de viver a vida na prática. A base da nossa reflexão nesses dias foi o texto de Eclesiastes 9: 4 que diz valer mais um cão vivo que um leão morto, significando que viver se sobrepõe a qualquer grandeza que exista de modo etéreo e seja inviável de ser vivida. 
Seguindo nessa mesma linha de raciocínio, Jesus nos apresenta metaforicamente dois personagens - o primeiro, a quem Ele chama de "homem prudente", edificou a sua casa sobre a rocha. O segundo, a quem Ele chama de "insensato" edificou sobre a areia. Em ambos os casos Jesus descreve que caíram chuvas, subiram os rios, sopraram os ventos - a mesma coisa, porém os resultado numa e noutra foram completamente diferentes - a primeira, a do homem prudente, permaneceu firme porque fora edificada sobre a rocha, já a segunda, a do insensato desabou tendo ele que amargar grande ruína. 
O que há incomum nesses dois personagens? 
Ambos são edificadores, ambos sabiam e construíram casas e, para ambos, sobrevieram chuvas, ventos e rios;
Na parábola o ato de edificar a casa significa edificar a própria vida - é isso o que há incomum entre todas as pessoas - todos nós edificamos a vida, passamos pela vida e construímos nela, de uma forma ou de outra, uma história - até aqui não há diferença. As chuvas, rios e ventos representam as lutas e desafios pelos quais todos nós estamos sujeitos a passar vivendo na terra (Eclesiastes 9 fala especificamente sobre isso). É mesmo estranho que como cristãos não saibamos dessa realidade ou a desconsideremos a ponto de nos escandalizarmos quando o inevitável acontece como se, no nosso caso, fosse uma grande injustiça. Jesus garantiu que passaríamos por aflições e advertiu a que tivéssemos bom ânimo.
Se essas são as semelhanças, então qual é a diferença entre eles? Lembrando que emblematicamente esses dois representam dois modelos de pessoas nos quais todos os seres humanos estão automaticamente enquadrados, pelo menos no que se refere a esse assunto abordado por Jesus. 
Alguém dirá afoitamente: _ É que um edificou sobre a rocha e o outro sobre a areia! 
Está correto - foi isso mesmo o que Jesus disse, mas vamos desvendar nas entrelinhas do que Ele disse o que significam uma coisa e outra. A parábola começa dizendo: _ O que ouve as minhas palavra e as pratica, esse é o que edificou a sua casa sobre a rocha.... E prossegue: _ O que ouve as minhas palavras e não as pratica é o que que edificou sobre a areia....
A diferença não é rocha ou areia - esses são os fundamentos! A diferença é praticar ou não a palavra de Jesus! Em outra ocasião Jesus dissera _ As palavras que vos tenho dito são vida!
Sendo assim, a diferença é a mesma entre o cão vivo e o leão morto - é a diferença entre a vida e a idéia de vida. Entre vida e teorização.... Jesus está dizendo que a única coisa que constrói a vida de forma consistente é vivê-la de verdade. O contrário disso é o pensamento religioso que pensa que a fé que existe apenas na mente de uma pessoa pode fazer alguma diferença - não faz! a fé sem obras é morta! Vida em teoria não é vida, é teoria! E quem quer que assim construa, ilude-se e surpreender-se-á - não deveria - quando passar inevitavelmente pelos desafios dessa vida, outrossim, ao que está vivendo, passar pelos desafios da vida é apenas passar, pois a vida prossegue sendo vida. Jesus veio para nos dar vida - não alguma filosofia nobilíssima, mais que qualquer outra.... Vida! E vida em abundância!