A afirmação feita em Eclesiastes 11 é absoluta e categórica: Ela nos diz duas coisas essenciais ao bom viver:
A primeira é que devemos lançar o nosso pão sobre as águas - Traduzindo os termos metafóricos aqui empregados entendemos o "pão" como a nossa própria vida com tudo o que ela abrange - nosso amor, conhecimento, energia, etc, etc - não apenas as coisas materiais que possuímos, mas nós mesmos, integralmente - devemos nos lançar a nós mesmos sem restrição alguma e sem reservas nas águas;
As "águas", por sua vez, representam a própria Vida, o fluxo da Vida do qual nós mesmos participamos, mas que não se restringe apenas à nós, senão também a tudo e todos que nos cercam;
É sobre esse fluxo que devemos nos lançar!
Entendida a metáfora temos o seguinte imperativo: "Lança a tua própria vida com tudo o que ela é e tem sobre a Vida (esta segunda no sentido da Vida maior e que nos transcende) porque, assim fazendo, depois de cumprido o tempo de maturação de cada coisa, tu acharás de novo a vida que foi lançada, acrescida do que a Vida graciosamente te deu!"
A segunda afirmação decorrente desta primeira é a que é feita no versículo 4: "Quem somente observa o vento nunca semeará e quem olha para as nuvens nunca segará". Novamente, precisamos entender a metáfora: "Ventos e Nuvens" representam aqui os problemas, as preocupações, os temores e ameaças que nos assombram;
Traduzida a metáfora lemos o seguinte: "Quem somente atenta para os problemas, para as impossibilidades, para as dificuldades... Quem se enche de medo ante as possibilidades ruins - o medo de amar e ser traído, o de doar-se e não ser correspondido, o de fazer o bem e receber o mal em troca... Esse nunca semeará vida na Vida, ao contrário, tornar-se-á egoísta, avarento de vida e pequeno e, como conseqüência inevitável, jamais colherá da Vida coisa alguma senão o que por osmose vier a lhe suceder";
O que entendemos em tudo isso?
Entendemos que o maior inimigo, o maior sabotador e predador natural da nossa própria vida é o medo de entregar-se para a Vida. O medo produz tormento, o tormento restringe e retrai, a retração impede a reciprocidade, a bênção, a troca e futuro!
É evidente que devemos sempre ter conosco o senso da realidade que consiste em enxergar a dificuldade como tal e é evidente que podemos, em certa escala, até temermos diante de determinadas possibilidades. Mas o que não podemos, em hipótese alguma. é aceitarmos a avareza de uma vida recolhida pelo medo das possibilidades. Devemos crer contra a esperança. E a solução para isso é uma só: "Lança-te!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário