Provérbios 27: 7 A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce.
Do que exatamente essa palavra trata? Ela trata a respeito da referência da qual nós partimos para valorarmos as coisas que temos.
Desde que o mundo é mundo, existe uma lei que rege a todos os mercados – essa lei se chama: Lei da Oferta e da Procura. Ela consiste no seguinte: Quando, em dado momento e circunstância, há uma oferta abundante de determinado produto, que seja maior do que a sua demanda de consumo, o preço deste produto tende a cair; ao passo que quando há escassez do mesmo produto em face de sua demanda o preço tende a subir.
Note: Não é o valor real do produto que oscila, mas o seu referencial em nosso horizonte de consciência.
Isso quer dizer que esse fenômeno não se dá porque o produto em si mesmo tenha passado a valer mais ou menos – não! A valoração maior ou menor é relativa e acontece não por causa do produto em si, mas por conta das circunstâncias que o envolvem. Poder-se-ia trocar o produto – de arroz para navios, de gasolina para vacas, de ouro para ração de passarinhos – e, a regra continuaria a valer perfeitamente, ou seja, independentemente do valor real do produto – seja grande ou pequeno – ele pode ser mais ou menos valorado por nós de acordo com o nosso privilégio em desfrutarmos mais ou menos dele – se o privilegio for abundante, torna-se ele desprezível; se raro, torna-se valoroso – o mesmo produto!
Assim acontece nos mercados, e assim também acontece na alma humana em relação a tudo mais. – Sempre que nos vemos cercados de bens, de generosidade, de vida, temos, imperceptivelmente, a tendência de nos tornarmos exigentes e seletivos e, não raro, reclamões de primeira – em relação a tudo e a não valorizarmos tanto aquilo que possuímos com tanto privilégio. Ao passo que quando nos vemos privados dessas mesmas coisas, elas passam a ter magicamente para nós um brilho inestimável – a mesma coisa!
É dessa relação que surgem os mimados e os carentes, os ingratos e os agradecidos – não propriamente daquilo que têm ou do que não têm, mas de sua percepção em relação à essas coisas.
Basta olharmos em redor... Nem precisamos ir tão longe... Para dentro de nós mesmos e, com alguma dose de honestidade, identificaremos facilmente essa triste e, aparentemente inescapável realidade da qual todos partilhamos.
Mas é claro que existem as exceções. Ah, mas essas, meus caros, não surgem por alguma benevolência inata ou por osmose, senão por um esforço férreo e contínuo de consciência na direção de evitar esse mal – forçando-se a cada instante da vida à gratidão, ao amor, e à prática da justiça retributiva em relação à graça de Deus.
Baseados nesse preceito da alma humana – o de que a alma farta pisa o favo de mel e de que ao sedento, até o amargo lhe parece doce, – é que podemos entender o porquê de Deus nos permitir sofrer faltas, privações importantes e limitações em relação a muitas coisas em determinados momentos e nos abundar dessas mesmas coisas em outros – não é, absolutamente, por qualquer desejo sádico ou caprichoso de nos privar, mas porque, sabendo Ele desse mecanismo perverso da alma humana pecaminosa e, cheio que é, do desejo amoroso de nos ensinar o que é real, e nos conduzir pelo reto caminho é que Ele nos leva a vivermos tais experiências.
Em face de tudo isso, eu gostaria de propor a você a seguinte reflexão:
A sua queixa é real? As coisas das quais você se incomoda e se aborrece são, de fato, aversivas ou enfadonhas? Considere: A sua queixa é, de fato, sobre o “produto” ou será por causa de sua fartura com que você goza dele?
Pense nisto: Se a alma farta pisa o favo de mel e o sedento é o que valoriza, seja o sedento, mesmo sendo farto!
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