É meu caro @bpjeronimoalves... É preciso que se explique a esse cidadão que o principio básico da democracia que se chama representatividade está sendo obedecido. Vivemos num pais predominantemente cristão e o direito ao acesso à Bíblia ou a qualquer outra literatura é parte integrante da liberdade de ser e expressar-se o que é, por sua vez, a espinha dorsal da constituição por ele citada. Alem do que ter a bíblia não significa supor que as pessoas a lerão, lerão caso tenham interesse (é assim num país livre) e desde que não lhes seja vetado o direito de tê-la a mão caso pretendam fazê-lo. Essa é a liberdade que garante a laicidade do Estado e não o banimento dessa ou daquela literatura. Seguindo a mesma linha de raciocínio do Sr Janot a mim parece que deveríamos então tirar de circulação nas bibliotecas escolásticas as obras de Machado de Assis, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, etc., etc... Sim porque cada um desses autores tendenciam claramente a um determinado gênero literário em detrimento de outros... Ora, convenhamos... Isso é no mínimo absurdo!
O que compromete a laicidade do Estado? A oferta de possibilidades a todas as opções religiosas ou o veto a todas elas ou parte delas? Parece-me óbvio que o veto é o que compromete e não a oferta – não podemos confundir o fato de termos um produto à disposição com a obrigatoriedade em consumi-lo. Para constatarmos essa realidade basta que voltemos o olhar para o que acontece na maioria dos estados islâmicos ou nos países comunistas nos quais vigora a proibição total e absoluta, às vezes punida com morte, de qualquer símbolo ou literatura considerada inadequada à casta dominante, seja essa casta revolucionária (como em Cuba ou Venezuela) ou religiosa fundamentalista. Isso é laicidade? Acho que não!
Por favor... Laico é o Estado, não as pessoas – as pessoas tem cada um direito à sua crença e expressão e devem ser deixadas em paz! Ora pois...!
Laicidade, democracia e liberdade se expressam por dar acesso e deixar que as pessoas façam suas escolhas. Além do mais (e principalmente) tentar proibir que o estado financie e participe de organizações escolásticas apenas porque essas tenham ligações com instituições religiosas e dizer que essas ligações criam uma “tendência” é no mínimo ignorar a própria historia: foi a igreja quem criou todas as instituições escolásticas – as escolas foram formadas a partir dessa plataforma, querer separar isso é querer desmembrar o DNA de um organismo – é impossível. Ainda que muitas instituições de ensino não professem a fé cristã ou mesmo sejam contra seus dogmas e crenças ( e essa possibilidade só pode existir num estado laico e democrático como o nosso), ainda assim, a sua estrutura está construída – ainda que ela não saiba disso – em cima de uma plataforma cristã. E tudo bem... Liberdade é liberdade – é assim que deve ser. A única coisa que não se pode é negar a própria raiz, aí já não seria fator de crença, mas de falta de sanidade!
Faço ainda duas ultimas considerações: A primeira delas é que num país com tanta necessidade de desenvolvimento cultural e intelectual, pensar em banir uma literatura que é (despido de qualquer fator religioso) uma das mais ricas e importantes do mundo, reconhecida e respeitada em todo o planeta é trafegar na contramão da realidade e da democracia. E a última é que temos preocupações muitíssimo mais contundentes pra cuidar num país cuja taxa de homicídios é de mais de 50 mil por ano...
Ninguém pode ou deve obrigar a ninguém a professar uma fé ou ler o que quer que seja, mas ninguém, em a consciência e num pais democrático pode impedir acesso a essas coisas.
Forte Abraço @bpjeronimoalves
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