quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Pão do Dia - Lutar com Deus - Parte 4 - "O Início da História"

Lutar com Deus
O início, a história

Temos falado nesta semana sobre lutar com Deus. Já abordamos vários aspectos dessa questão, falta talvez descrevermos com um pouco mais de detalhes como tudo se deu a fim de que tenhamos compreensão e aplicabilidade às nossas próprias vidas; 

Jacó é o nosso protagonista. Ele não acordou num belo dia de domingo decidido a travar um combate com Deus. Claro que não! Há uma história que desemboca nesse combate e o torna mesmo inevitável;
Jacó era o mais novo de uma dupla de gêmeos. Dos dois, ele foi o que saiu depois. Nada demais exceto pelo fato de que essa sequência determinava em sua sociedade, o destino inteiro de uma pessoa - se ela seria a cabeça ou a cauda, se ficaria com o banquete ou com as migalhas da vida. Era uma sociedade patriarcal em que o primogênito tinha direito a tudo e os demais ao que sobrasse desse tudo. Jacó foi o segundo, Esaú o primeiro, seu futuro estava traçado. 
Pra confirmar o "carma" ele ainda recebe o nome de Jacó, que significa "suplantado, enganador, aquele que segura o calcanhar" numa clara menção ao que se esperava dele na vida e ao que ele, naturalmente estava fadado a viver.

Em determinada ocasião, sendo ambos adultos, Esaú e Jacó, este primeiro vai ao campo como de costume para caçar e, com a sua caça agradar a seu pai Isaque que, a essa altura estava cego e à morte e prometera naquele dia, após saborear a caça, abençoar definitivamente seu primogênito, selando de vez o destino de ambos;
Jacó, mais amado pela mãe e instigado por esta, toma pelos de animais e os coloca no braço para simular a pelagem natural de seu irmão, usa as roupas deste para aludir ao cheiro e leva um guisado - preparado pela mãe - e apresenta-o a pai que, mesmo desconfiado o abençoava em lugar de Esaú;

Ao regressar do campo com a caça e tomar conhecimento do que acontecera, enfurecido jura matar a Jacó tão logo seu pai morresse. Jacó é então obrigado a fugir, com a bênção espiritual, a carteira vazia e um destino incerto pela frente. Refugia-se na casa de um tio chamado Labão, conhecido por.... Digamos.... "Dar nó em pingo dágua". Se Jacó sabia enganar, ao conhecer Labão ele percebeu que estava no primário dessa escola, pois ele mesmo foi alvo da sagacidade do titio. Jacó se apaixona pela filha mais nova de Labão, uma linda moça chamada Raquel. O preço de Labão para dá-la em casamento é que Jacó trabalhasse para ele por sete anos de graça, Jacó aceita, pois de fato amava a Raquel. Na noite de núpcias, tendo Jacó bebido além da conta como era o costume nas festas, Labão introduz na tenda deste sua filha mais velha, Lia, em lugar de Raquel. No dia seguinte, ao acordar, o susto e a surpresa: ao invés da linda Raquel, Lia, descrita apenas como tendo os olhos embassados.... Não entremos mais em detalhes para não termos que parafrasear Vinícius de Moraes...;
Ao inquirir Labão sobre o ocorrido, este lhe diz: "Esqueci de dizer-te, temos um costume em que casamos a mais velha antes da mais nova. Entretanto, se você quiser também Raquel (naquele tempo a poligamia era comum) trabalhe para mim por mais sete anos - sem salário - e ela será sua..." 
E lá se vai o nosso Jacozinho, firme, forte e decidido, afinal, algo de bom tinha que acontecer nessa sua existência miserável (creio que todos nós as vezes pensamos assim sobre nós mesmos). Ao cabo da segunda etapa de sete anos, ou seja, quatorze, Jacó finalmente se casa com Raquel, porém, sem ter nada, ele dependia totalmente de Labão. Labão então, "muito solícito e solidário" o chama e diz: "Agora chegou a hora de você começar a ganhar seu próprio dinheiro. Continue trabalhando para mim por mais sete anos e diga qual será o seu salário". Parecia bom, parecia que as coisas, afinal, começariam a melhorar. Jacó aceita, afinal, o que mais ele poderia fazer? Arriscar-se na vida com família e sem recursos? Sujeito a ser encontrado por seu irmão numa emboscada? Ficar com Labão era dos males o menor. Após anos de trabalho, nos quais Labão por dez vezes mudou o salário de Jacó a fim de.mantê-lo dependente e cativo, Jacó pede pra ir embora. Labão tenta ainda persuadi-lo e diz: "Diga-me o que você quer, qualquer coisa, e eu te pagarei". Jacó, desta vez, cansado de ser enganado pelos outros e por si mesmo, busca de Deus uma estratégia e Deus lhe dá, mais uma vez fugindo à qualquer lógica (isso está relatado em Gênesis 32). 

Jacó prospera e após o terceiro ciclo e sete anos sai da casa de Labão enriquecido em filhos, gente e recursos materiais e pensa: "Afinal chegou a hora de viver e desfrutar da bênção que lá atrás eu recebera...." Que nada! Nem dá tempo de fazer planos quando vem a notícia: "Esaú, aquele seu irmão que já era forte há vinte anos atrás, está agora muitas vezes mais forte, enriqueceu, tem um exército particular e, aliás, está vindo a encontrar-se com você - ele e mais quatrocentos homens..."
"Não é possível!" pensa Jacó.... "Isso não acaba nunca. O ciclo não se fecha! Quando é que eu vou me ver livre das sombras e finalmente ser feliz?"
(Quem nunca???)

É nesse contexto, carregando essa carga de experiências e vendo em sua vida tal estado de coisas que se dá a luta de Jacó com Deus. Fica claro que não se tratava de lutar por uma bênção no sentido vulgar, pelo contrário, por uma necessidade visceral, existencial! 

Jacó ouve a notícia e põe sua família a frente. Fá-los passar pelo Vau de Jaboque e fica só, orando, esperando o desfecho da história. Ela precisava, afinal, encontrar sua conclusão, fosse qual fosse! Nesse ponto, antes que Esaú chegasse, o próprio Deus se apresenta a Jacó em forma de um Anjo e, num ato que ilustrava o desejo ardente por mudança, a revolta contra o destino tão cruel, a agonia de uma existência decadente, e a determinação obstinada em mudar as coisas, agarra-se ao Anjo como quem se agarra a uma taboa no meio do mar, ou a uma corda que apareça no meio da queda... E luta! Luta o bom combate, aquele que ao invés de ofender a Deus O orgulha por haver criado cabra macho como tal. A luta que hoje Deus espera encontrar em mim e em você, leitores da história de Jacó.

Então... Quem sabe todas as coisas aparentemente filhas do azar, não sejam, na verdade, Deus nos instigando para entrar em combate? É claro que Ele poderia fazer de inúmeras outras maneiras, mas, qual é o Pai que não ama ver seu filho lutando e vencendo?

Se o tempo de lutar pra você é agora? Bem... Isso só você mesmo pode responder. O tempo de Jacó estava estabelecido. O limite de suportabilidade há muito já havia espirado...
Fique certo, quando o seu dia chegar, se é que não é hoje, você saberá!

O texto é longo, mas a história merecia ser contada!

Ótimo dia a todos em nome de JESUS!



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