domingo, 17 de abril de 2016

Quem é "Eu"?


Quem é "Eu"?

Calma, eu sei que a concordância da frase parece estar errada, eu sei, mas, pense mais um pouco... Que é "eu"? Quem é a pessoa que você chama de "eu"? Que você entende como "eu"? E que imagina que outras pessoas também assim o considerem?
Dito doutro ângulo:  Quem é você? O "você" real, o "você" mesmo?

Você sabe a resposta???
Calma! Não se aflija! Ninguém sabe tal resposta e nem pudera! Ela não se encontra em nosso campo de apreensão - o "eu" não está em nós, ele nos é emprestado, não geramos nosso próprio "eu".

Semana passada escrevi a frase de Santo Agostinho que deu origem a essa reflexão: "Deus é em mim mais eu do que eu mesmo".

Talvez ao me ouvir dizer essas coisas você, num reflexo defensivo discorde e diga: "Eu sei quem eu sou"
E eu te pergunto: Será que sabe mesmo?

Vamos então pensar juntos algumas coisas:
Se você tivesse que descrever a si mesmo hoje, essa descrição bateria com a sua própria descrição feita há três anos atrás? Os mesmos sentimentos? As mesmas nuances? Os mesmos objetivos? Os mesmos sonhos? As mesmíssimas crenças? Igual força?

Continuando...
Quem é "eu"? A pessoa que começou o dia como uma página em branco, tomou seu café da manhã e tudo em seu dia era planejamento, ou você é aquela pessoa que tendo terminado o dia olha para as coisas planejadas como fatos que foram ou não consumados e, o que antes eram planos agora são a contabilidade de sucessos ou fracassos...? Qual delas é você?

E mais...
Quem é "eu"? Aquele que num rompante de generosidade deseja doar-se por uma causa? O que se sensibiliza e consegue ir às lágrimas ao ver uma cena de maus tratos de animais? Que se condói com o sofrimento de outros? Ou aquele que - como todos - em determinados momentos pensa primeiro em seus próprios interesses? Que carrega de ódio pelo que maltratou o animalzinho o mesmo coração que pelo injustiçado se derramou de amor? Qual deles é "eu"?

Percebe como é complexo?
É complexo por uma razão: Quando Deus aplica a si mesmo a palavra "EU", ou "SER" é com plenitude de sentido que esses termos se aplicam a Ele, pois Ele de fato É e o Seu SER é pleno em si mesmo. Quanto a nós, o termo "eu" não passa de figura de linguagem. Confundimos "eu" com as crenças que temos, com as coisas que nos sucedem, com as escolhas que fazemos.... Nada disso define "eu", pois o "eu" num sentido pleno não está em nós nem em nada que a partir de nós se produza. O que chamamos de "eu" está em Deus. Ele é o "EU" e a fonte do "eu"

Vamos lá... Quem é "eu"?
"Eu" é o ser capaz de amar quando estimulado na reciprocidade do amor ou o ser capaz de odiar mediante da traiçoeira infidelidade?

Talvez alguém responda: "As duas coisas são "eu", pois "eu" é ambíguo, mas o fato é que nenhuma dessas coisas ou de outras define "eu"- elas referem-se ao "eu", mas não o definem.

Pense o seguinte: Quantas vezes dentro de um mesmo dia aquilo que você chama de "eu" vai de um polo ao seu oposto? Pois é... Não é possível que ambos sejam "eu"!

Veja, o simples fato de aprendermos coisas, crescermos no conhecimento e evoluirmos já nos mostra que não temos o pleno domínio do "eu", afinal de contas, quem somos? - somos quem somos hoje sabendo o que sabemos ou o que seremos amanhã sabendo o que viermos a saber?
Sim, é evidente que o conhecimento nos muda, doutra sorte não teria razão de ser, porém se é assim então significa que estamos mudando o tempo todo, o nosso eu está se formando o tempo todo e, o tempo todo estamos em busca de mais uma parte desse mito humano que chamamos de "eu". Não é assim com Deus que "É" plenamente. Deus é exatamente o que era há 10 mil anos e o que será daqui há vários eons.

Perceba o quanto tudo isso está desassociado de religião e de doutrina, trata-se de voltar às coisas mesmas e não aos termos.

Se há um vazio existencial - e há - em relação ao sentido da vida. Se a primeira pergunta a se fazer em busca desse sentido é "Quem sou eu", então há a necessidade de se fundir o que pensamos ser o "eu" com o "EU" Pleno - Deus. É em Deus, e somente Nele que o "eu" que buscamos pode ser encontrado.
 Temos características e traços de personalidade que geralmente entendemos como "eu", porém, quantas coisas alheias ao nosso arbítrio são capazes de alterar essa percepção que temos do que seja "eu"? Pois é a esse "eu"imutável que nos define atemporalmente, incondicionalmente que me refiro - onde é que ele se encontra? Ele está em na fonte do SER, no EU SOU, no EU que É - Deus, fora disso, o que chamamos de "eu" é apenas uma coleção de constructos.


Portanto, meus amigos, é de se ratificar Agostinho: "Deus é em mim mais eu do que eu mesmo!" 







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